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Maria Emilia Staczuk para Imóvel Magazine


Das piscinas para a terra firme

Maria Emilia Staczuk

O início na modalidade se deu por razões um tanto incomuns. A timidez e um pouco de gagueira, esta originada, segundo a mãe, pela presença do filho numa enchente na casa do avô, foram fatores determinantes para que o arquiteto e presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura no Paraná (Asbea/PR), Gustavo Pinto, tivesse o seu primeiro contato com a natação, aos sete anos de idade.

A participação em competições nacionais e internacionais exigia um excelente desempenho nas piscinas, e uma carga de treino intensa, que devia seguir a mesma rotina dos estudos. Gustavo conta que os treinos, no Clube Curitibano, eram realizados em períodos, entre oito e nove vezes por semana, com duração de duas a três horas cada. Quanto mais perto das competições, maior era a carga de treinamento. “Às vezes, caíamos na piscina às cinco horas da manhã”, diz. Consideradas as baixas temperaturas da capital paranaense, a água fria era o maior vilão. “Nadei várias vezes de madrugada, com temperatura externa de 0º”, lembra.

Tanta dedicação trouxe vitórias, estampadas em jornais da época e expostas nas paredes da academia que, anos mais tarde, ele iria construir e gerir. Também trouxe recordes. Na década de 80, Gustavo foi recordista brasileiro nos 100 metros peito. Estilo que, assim como o crawl, é a sua especialidade em provas de curta distância.

Com a eminência da faculdade, a natação ficou de lado, mas não abandonou o esportista. Ao contrário, ela auxiliou na escolha da futura profissão. Gustavo conta que nadava com o amigo Renato Ramalho, cujo pai e arquiteto, Joel Ramalho, o levou para participar de uma aula do curso de engenharia na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Uma das disciplinas era a de arquitetura. Estava escolhida a profissão. Graduou-se arquiteto em Campinas e voltou para Curitiba para exercer a atividade.

Reviu os amigos e, aos 26 anos, retomou o esporte. Entre os reencontros, estava o com o amigo Renato, de férias na cidade. O nadador participou de duas olímpiadas com o atleta Gustavo Borges e comentou que os dois planejavam construir uma academia na cidade. Estava selada a parceria com o, agora arquiteto, Gustavo Pinto. Em 2002, é inaugurada a Academia Gustavo Borges que oferece, entre as atividades, aulas de natação, mas de um jeito bem diferente da época de Gustavo. “Ela tem água quente, piscina coberta e vestiários integrados. O momento é outro”, brinca.

Hoje, ele nada pelo menos três vezes por semana, com duração média de uma hora, alternando com treinos de corrida e musculação, para participar de travessias e competições máster. E a trajetória na nova categoria já conta com um título inédito. Há dois anos, Gustavo Pinto participou de um campeonato paranaense, que reuniu nadadores com idade superior aos 18 anos, nas categorias 100 e 50 metros peito. Naquela, conquistou o terceiro lugar. Nesta, foi o campeão por centésimos de vantagem.

A natação pode não ter sido a responsável pela cura da gagueira, mas, além dos feitos, deixou como legado vários ensinamentos para o arquiteto-esportista, usados também na carreira profissional. Entre eles, a amizade e o espírito de grupo. “Um ajuda o outro, seja em momento de vitória ou de derrota. Além disso, você sempre deve dar o seu melhor, mesmo que ele esteja aquém da equipe, porque, mesmo assim, você está ajudando. Algumas vezes você é o melhor e tem que incentivar os demais”, diz.

A disciplina. “Ela é responsável por se alcançar um objetivo em determinado intervalo de tempo. Isso não é possível usando apenas o talento”. O comprometimento. “Nem sempre se faz tudo o que gosta, mas é preciso demonstrar entusiasmo em todas as situações. Para colher, é necessário plantar bem”. A resistência à pressão e a perseverança. “É como estar em cima do bloco, antes da largada, e ter segundos para decidir o que fazer. E nunca desistir”, comenta Gustavo.


Texto publicado na edição de dezembro 2011/ janeiro 2012.

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